terça-feira, 3 de março de 2009

Vida.

Após algumas semanas de acontecimentos marcantes, e de introspecções profundas, decidi (finalmente) expor o que vou pensando, dia após dia.

Existem vários tipos de pessoas, quer raças, culturas, religiões, cores, feitios, personalidades (etc). Mas foco especialmente as pessoas que não sabem o que é a vida, não sabem o que é viver. Foco as pessoas que por um problema na vida, acham que as suas vidas são merda, as mesmas pessoas que mais tarde ou mais cedo acabam por estupida e inconscientemente (algumas até conscientemente), pensar na morte, pensar em acabar com a dita "vida" que só traz desgostos e dissabores. Foco neste caso, a minha pessoa, que já por inúmeros motivos, e obviamente, estupida e inconscientemente, pensei na morte, pensei em por termo ao que de tão valioso tenho, em acabar com um sofrimento que teima em aparecer logo no momento em que quero ser mais feliz. Foco as minhas estupidas reacções e raciocinios; foco a minha falta de coragem para saltar a primeira fasquia mais alta que me aparece no caminho.

Tive, infelizmente, a "oportunidade" de provar o travo amargo da perda, de sentir a falta de alguém, de interiorizar que essa falta será eterna; que a voz, o toque, o perfume dessa pessoa serão apenas memórias; senti a verdadeira lágrima de tristeza, de solidão, de abandono, de "Adeus", lágrima(s) essa(s) que me vai/vão acompanhar em cada recordação, ao longo de todos os imensos anos que vou viver, e que ela já não.

Dói... Dói cá dentro, mas não demonstro, porque sou forte... E demonstrar, piora-me. Dói saber que a quem quer tanto viver, é retirada essa hipótese, e que quem tem um vasto caminho pela frente, abdica tantas vezes...
Dói pensar que poderia ter sido feita tanta coisa com quem já foi, e deveria ter ficado, e que tanta coisa foi (mal) feita com quem ficou...
Dói pensar que há ocasiões que me trazem tristeza, que há pessoas que me causam mau estar, quando eu deveria estar feliz por estar viva!
Dói, mais tarde olhar pra trás e ver que chorei por isto ou aquilo, por este/esta ou aquele/aquela, quando na verdade não passam de pedrinhas do asfalto em que todos, mais tarde ou mais cedo temos de tropeçar.
Dói saber que um dia vou ter consciencia do que é viver, do que é a vida; vou saber dar importância ao que realmente merece importancia, mas que até lá chegar já passei 20 anos de uma vida que já parece tão curta.
Dói saber que vou passando cada dia a viver ao máximo, a sorrir ao máximo, a conviver ao máximo, para um dia tudo acabar, e quem sabe, acabar sozinha.

Mas sobretudo, dói passar por tudo isto e algo mais, dói chorar e rir por tanto ou tão pouco, dói olhar para trás e ter boas recordações do passado tão vivido, e não a ver, apenas a sentir. A ela, e ás pessoas que vão vivendo do nosso lado, e acabarão por ir ter com ela.

«-Mas sabes? Dói muito, muito menos quando olho para o céu e penso, e sei que estás melhor, que me estás a controlar de lá de cima, com o teu dedinho apontado a dizer "Maaaaarta!" e que acabas por te rir com aquela tua gargalhada impossivel de imitar, e que sei que foste feliz á tua maneira, e que me deste e ajudaste tanto quanto pudeste.

Desculpa por não me ter despedido de ti, mas conheces-me, e sabes que aquele meu beijo pegajoso tipo ventosa nas tuas bochechas não podia ter sido dado em público.

Um dia, daqui a muitos, muitos, muitos anos, agente vê-se, tenho a certeza. »

Dói muito, muito menos saber que com ela, aprendi a dar valor á vida. E isso eu não tenho como lhe agradecer, nunca.

E por isso agora, vivo a vida! Temo a morte, mas agora respeito-a!

«-Adeus, "Angélica".»

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Coisas.

São quatro e meia da manhã. Estou debaixo dos meus lençóis (e dos meu cobertores e edredon). Dou trinta voltas para a direita, quarenta e uma para a esquerda, conto cinquenta e cinco ovelhas, o meu telémovel vibra duas vezes, e eu ainda não cheguei ao meu vigésimo-sexto sono (sequer ao primeiro).
Resolvo levantar-me da cama.
Sigo em direcção á porta do quarto; abro a porta lentamente, e entro para a outra divisão quase tão gelada como o monte de neve espalhado por estradas e casas lá fora. Pé ante pé, descalços no chão de madeira da sala, caminho para o puff preto perto do aquecedor, que ligo, e acendo um cigarro. Ligo a aparelhagem, bem baixo, com um cd de soul music lá dentro. Atiro-me para o puff, gelado também, que me dá um arrepio nas costas, nuas. Inclino a cabeça para trás, e deixo-me levar pela suavidade do soul. Começo a pensar «e se fosse eu a cantar isto?», «e se daqui a uns anos eu for uma cantora a sério, e deixar os bares de karaoke no passado?» e sorrio... É practicamente impossivel, mas desde criança que gosto de sonhar alto (e ás vezes, ainda ter o pouco que seja de esperança).
Levanto-me do puff e, calmamente, quase que deslizando ao som da música, aproximo-me do móvel para queimar um incenso. Escolho o Afrodisíaco, não por ser realmente afrodisíaco, mas por ter um aroma agradável, e que condiz com o ambiente que me rodeia.
Apago o cigarro e atiro-me novamente para o puff; volto a ter o arrepio pelas costas, mas desta vez prolonga-se pelas pernas. Ato o cabelo, e vou descaindo as minhas mãos pelo meu corpo: pescoço, ombros, peito, barriga... Outro arrepio percorre-me, desta vez, por completo. Esboço um sorriso matreiro, mordendo o lábio inferior, à medida que passo ambas as mãos pelas ancas.
Levanto a cabeça, olho para a porta do meu quarto; todos estes arrepios me remontam certa noite, nesse mesmo espaço. Relembram-me certas frases que foram ditas. Relembra-me um "adoro o teu corpo...".
Olho para mim mesma.
Estou apenas de lingerie, e por isso, solto outro sorriso matreiro. Outra memória apareceu... A memória de um olhar de desejo, de um olhar inquieto; a memória de um "adoro..." isto ou aquilo, a memória do meu tempo de "vingança". A memória até de umas quantas suplicas.
E nisto, continuo no meu puff, a ouvir a minha soul music, com um aroma perfumado do meu incenso Afrodisíaco, com lembranças de "outros" tempos, lembranças do passado (lembranças boas do passado), com recordações daquela pessoa que nos faz (ou fez) sentir que temos um milhão de personalidades, com saudades de um "tudo" que já aconteceu e que receamos não voltar, com a falta de ouvir qualquer coisa boa que seja, ou com a certeza que daquela boca não voltaremos a ouvir um "és perfeita...", "Desculpa-me...", "Amo-te!", ou um simples "adoro o teu corpo...".
Contento-me com o presente; também não posso fazer muito mais se não isso mesmo: seguir em frente com a vida, pois já de nada serve ficar parada ou querer apenas olhar para trás.
Pode ser que um dia me volte a dizer qualquer coisa... Quem sabe se um dia não me voltará a dizer tudo isto, se não voltarei a sentir tudo isto, se não terei saudades por as estar a matar? Quem sabe se um dia eu vou estar neste puff, mas não sozinha? Quem sabe se os arrepios não serão causados por outras mãos, por outros desejos, por outras razões? Ninguém sabe... Nem eu sei. Neme ele sabe. Resta-nos dar tempo ao próprio tempo.

Desligo a aparelhagem, o incenso já se apagou entretanto, e levanto-me do meu puff. Sigo pacificamente para "os meus aposentos", tendo ainda na memória tudo o que pensara até ao momento. Deito-me, aconchego-me e sorrio.
"É practicamente impossivel, mas desde criança que gosto de sonhar alto (e ás vezes, ainda ter o pouco que seja de esperança). ".




Dedicado especialmente a ele.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Frio.

Estamos na época do Natal. E não só é a época do Natal como também é dia de Natal, o dia em que as tradições são passadas aos mais pequeninos, em que a meia noite é esperada ansiosamente por todos, em que no ar paira o aroma a rabanadas e filhozes, a farófias e aletria (no meu caso), a arroz doce e Bolo-Rei. Também o dia que deixou de ser a celebração do "Nascimento-de-Jesus" (apesar de parecer antiquado, é ao que se deve) e passou a ser "o-dia-em-que-por-motivo-algum-se-recebem-presentes-em-todo-o-mundo-não-interessa-porquê-mas-sim-quantas-são-este-ano"...
Este ano passo em casa, apenas com a minha mãe. As duas passamos o mesmo serão de todos os dias: sentadas no sofá a ver as novelas e filmes, e de vez em quando lá dizemos umas quantas babuseiras.
O aquecedor é a nossa companhia... Sempre á nossa frente, fornece-nos o calorzinho que nos faz sermos-lhe tão fiel, porque o frio lá fora não perdoa. Parece que sabe onde nos encontrar, e como se fazer-nos sentir desconfortáveis e com pouca vontade de sequer sairmos não chegasse, ainda entra por todo o buraquinho que deixemos descoberto em casa, e vem-nos roubar o calorzinho, a confortabilidade; a mim, a felicidade e bem-estar.
Entra pelas fechaduras das portas. Sinto-o a subir pelas costas quando passo pelo corredor. Quase que oiço a sua respiração quando me envolvo nos lençóis, e quando adormeço, acredito que entre por cada pequeno poro da minha pele, que inocentemente (faz-nos ele acreditar) seja inalado pela inspiração profunda de um sono tão ou mais profundo, e acredito também que tenha sido ele o culpado de toda frieza em mim. Toda esta incapacidade de demonstrar sentimentos, toda esta minha indiferença perante quem me é tanto, de mesmo todas as dores que tenho tinho neste coração frágil, e agora gélido, de toda esta impossibilidade de sentir saudade de alguém...
Não sou capaz. Não sou... É-me simplesmente indiferente. Hoje... Hoje é-me indiferente. Não sei explicar como foi que eu mudei tanto, como foi que eu, a pessoa que se preocupava, a pessoa que dizia que amava sem se importar em obter resposta ou não, a pessoa que abraçava em beijava não por ser um dia festivo (como o Natal) mas por ser um dia como outro qualquer, por estarmos vivos, hoje não se sente mais com vontade de o fazer; a pessoa que saltava e pulava e dava cambalhotas e se ria até não conseguir mais, hoje derrama as suas companheiras de longas noites, as companheiras que trazem consigo um fundo escuro, feio, triste, e que me causam estas dores no pequeno coração... Isso mesmo, no pequeno coração hoje frágil e gélido que em tempos era mais quente que o Verão e que quase saía do peito de tanta força; a pessoa que sabia o que era a saudade como se sabe a cor do cavalo branco de Napoleão, que não sabia descrevê-la por toda a força que ela tinha nela... Hoje não a descreve por nem sequer a sentir. Não sei como mudei tanto.
Mas talvez não seja tudo tão "negro". Talvez o Natal voltará a ser a tradição e o gosto relacionados com a familia, e não com o materialismo (e talvez eu possa deixar de monstar a árvore de Natal... Ou não), talvez o frio passe e nos deixe... Talvez vá pra longe, e me deixe sozinha, talvez como mereço... Talvez tudo isto seja uma fase passageira, e talvez eu volte a abraçar, a beijar quem me quer bem; talvez consiga voltar a dizer "gosto de ti" sem pensar na resposta, talvez até consiga dizer que te amo, com todos os dentes e o piercing que tenho na boca! Talvez o coração gélido se torne de manteiga outra vez, e talvez eu volte a sorrir por isso! Talvez eu volte a saber o gostinho da saudade... Ou talvez eu nunca o tenha perdido, simplesmente o tenha guardado na gavetinha do "iglo" no meu peito.

Talvez...

Talvez.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Uma noite

Chego a casa... São 20.00. Está um frio terrivel lá fora; o vento assobia nas janelas, as árvores abanam como se não houvesse amanhã, mas ao entrar em casa sinto-me... Em casa! Aquele cheirinho vindo da cozinha é inigualável!
Dou um beijo á minha mãe que está quentissima (e eu que estou gelada), pergunto-lhe como foi o seu dia, respondendo-me que igual a todos os outros (para não variar muito), e dirijo-me até ao meu quarto. Pouso as coisas na cadeira ao lado do guarda-roupa, dispo o casaco, deito-me na cama de barriga pra cima, de braços e pernas abertas e penso "Odeio as segundas-feiras!".
Volto á cozinha e ajudo a minha mãe na preparação do jantar. Hoje decidiu fazer bacalhau á Lagareiro (mais que delicioso) e só por isso tenho todo o gosto em ajudá-la. Ela pergunta-me como foi o meu dia, e apesar de ter sido terrivel porque odeio as segundas feiras, e porque há sempre clientes que me conseguem tirar do serio, digo-lhe que foi normal, que correu tudo bem, mas que estou mais feliz por estar em casa.
Depois do jantar, inicia-se mais um serão igual a todos os outros: eu vou lavar a loiça (óptima maneira de aquecer as mãos), enquanto ela liga o aquecedor e se enrosca no sofá. Depois sento-me ao seu lado, e ali ficamos, as duas alminhas cansadas depois de um dia de trabalho, enroscadas em mantas e cobertores e coladas ao aquecedor, a ver as telenovelas e séries que passam todos os dias, e que chegamos a apostar sobre quem vai matar quem a seguir, ou roubar, ou perseguir, ou enganar (as novelas, desculpem que o diga, estão-se a tornar demasiado repetitivas). Por vezes, uma ou outra se levanta para ir até ao computador ver e-mails ou simplesmente falar com alguem, mas nessa noite apenas ela foi... Eu não estava com paciência para conversas de Internet que consistem em «-olá, tudo bem? -sim, e contigo? -também». La uma vez por outra se extende mais um pouco e ainda se diz «-então novidades? -não há», mas por norma, são sempre menos interessantes. Além disso tinha-me chateado com ele (que aliás, começara a ser o "pão nosso de cada dia"), e queria evitar encontrá-lo ou falar com ele, porque sabia que as coisas iriam piorar, por isso, deixei-me ficar pelo quentinho, e pelo aconchego de um serão familiar. Nem no telefone me apetecia tocar...
Após o serão, o meu mau humor era tanto que nem com a Raquel me apeteceu falar (e nao tivesse sido o Bacalhauzinho, tinha-me logo deitado) e assim, disse-lhe que não podia falar porque estava acompanhada e que falaria com ela no dia seguinte (sim, menti, mas eu só minto por boas razões).
Chá na mesa de cabeceira, oculos na cabeça, livro na mão e deitada na cama estava eu. Decidi ler. Nem me lembro que livro era, sei que a minha mae o andava a ler na altura.
Mas depressa me fartei da leitura. Nem cabeça tinha para pensar no sentido das primeiras linhas que tinha lido.
E foi quando, no silêncio dos meus pensamentos, ou da falta deles, ouvi a chuva lá fora, a cair, suavemente, devagar, como se devagar caminhasse para fazer uma surpresa. E continuava... Suavemente, até que começou a cair com mais força, com cada vez mais força, e aí bem que surpreendeu. Esbocei um sorriso. Enrosquei-me nos meus lençóis polares, apaguei a luz, e deliciei-me com nada mais do que a chuva a cair lá fora, a comandar todo o espaço, todo o metro quadrado... Por segundos não me mexi, não respirei, não pensei, apenas ouvi a chuva. E foi quando vindo do mais profundo desejo veio a vontade de saborear este momento com ele, veio aquela vozinha que só eu oiço mandada do sub-consciente que dizia «como gostava que estivesses comigo, agora mesmo...».
Não resisti e mandei-lhe uma mensagem com isso mesmo; nada de palavras bonitas, nada de coisas melancolicas, nada de ser uma mensagem para o fazer chorar ou muito menos rir... Apenas uma mensagem com um desabafo. Uma mensagem onde descrito estava o maior desejo de uma rapariga que gosta de gostar das pessoas, mas que quando gosta a sério, é muito a sério; de uma rapariga que por vezes só pede um pouco mais de compreensão e/ou de paciencia; de uma rapariga que ama rir, mas que também sabe chorar (e se sei); uma rapariga que reconhece que não é perfeita, mas que também não o quer ser pra ninguem... Que apenas o ser especial já é demasiado importante. Uma rapariga que, como todos, é um ser humano, e como ser humano teve um desejo que sabia impossivel de concretizar, mas possivel de compreender... Pergunto-me se nessa noite fria, se nessa noite onde se resumiu todo um dia já passado, se nessa noite onde a chuva foi a minha conselheira compreendeste o meu desejo, se lhe deste a importância que pelo menos eu dei.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Ao acordar...

Há dias em que acordamos nostálgicos. Apercebemo-nos de que temos um pouco de tudo o que vamos desejando, algumas coisas com mais esforço, outras acabam se conquistando. Apercebemo-nos de que temos amigos que gostam de nós pelo que somos, e que nós gostamos de igual forma desses amigos. Sentimos um sorriso apoderar-se dos nossos lábios pois somos felizes dia após dia, ainda que com acontecimentos ou noticias menos bons/boas... Temos um trabalho onde tentamos dar o nosso melhor, e somos compensados com a antipatia de alguns, mas com a simpatia de muitos. Temos uma casa onde relaxamos, fisica e mentalmente, pois temos alguem do nosso lado com quem desabafar, com quem partilhar, com quer rir, com quem sair e divertir. Temos ainda sempre um tempo livre para podermos estar com essas pessoas: amigos ou familia, e até mesmo tempo para estar com a pessoa de quem gostamos, que nos faz sentir ainda mais completos.

Mas...

Há dias em que o mau humor nos supera, e por vezes é razao pra isso mesmo. Apercebemo-nos que não temos ainda tudo o que desejamos, e tudo piora por termos medo e falta de confiança em nós próprios porque pensamos que não somos capazes de conquistar tudo sozinhos. Apercebemo-nos que afinal, algumas pessoas que nós considerávamos amigos não mereciam sequer um "bom dia" nosso. Ficamos chateados precisamente com os acontecimentos ou noticias menos bons/boas... Temos um trabalho onde tentamos dar o nosso melhor e por vezes somos compensados com a antipatia que nunca demonstrámos (e ás vezes vontade não faltava) ou então, pior, não temos sequer trabalho (dramático, mas verídico). Temos uma casa onde não dá pra relaxar, nem fisica nem mentalmente, pois quem tinhamos pra desabafar, pra partilhar, pra rir, pra sair e pra divertir está ocupado a ouvir desabafos e a desabafar, a partilhar, a rir, a sair e a divertir-se com uma outra pessoa, e até nos sentimos "substituidos"... Pior é que se tivermos mesmo muito azar, a "substituição" até faz por nos sentirmos mais fora do nosso proprio ambiente! Tanto que por vezes desejamos cortar-nos das nossas raizes, e voar pra outro ninho... Um ninho só nosso!Temos o tempo livre pra estarmos com essas pessoas, mas o mau humor acaba por se apoderar da vontade de estar com elas...


Eu?


Eu já acordei imensas vezes nostálgica, e bem disposta.

Agora? Agora o mau humor já me cansa...!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

"Fragmentação do eu"

Pois... Soa de facto a Fernando Pessoa. Não que esteja armada em poeta... Não. Apenas me lembrei de uma das temáticas do grande "poeta louco", e reparei que é como me sinto hoje...
Como é que a "fragmentação do eu" pode ser o meu sentimento? Fácil... É como se o meu "eu" principal se tivesse dividido em 2: o eu "positivo" e o eu "negativo". O eu "positivo" tenta ver o melhor lado da situação, arranjar caminhos com menos buracos e se não os houver, arranjar atalhos, solucionar problemas que á partida sao problemas mas que o eu "positivo" faz deles apenas grãozinhos de açucar no sapato. O eu "negativo" tenta ser como o eu "positivo", pensar o melhor, mas é inevitável meter um "não" no meio, uma parte pessimista das coisas, sempre a afundar o que pode haver de melhor numa situaçao.
Pode parecer tudo confuso, e de facto até é... Até o é pra mim, e sou eu que escrevo tudo isto.

Não sei se já vos aconteceu algo parecido, mas hoje senti o que nao sentia desde dia 18 de Dezembro: o coração na garganta quase a querer saltar cá pra fora, as mãos a tremer por mais que queira que estejam quietas, andar de um lado pró outro feita barata tonta e a dizer-me "mas que raio estás e queres tu fazer?!", as bochechas a queimar de tão vermelhas que ficam...
-> Enquanto trabalhava, recebi a visita inesperada do meu rapaz (eu nao fazia ideia que ele me iria aparecer á frente), e quando me apareceu de surpresa, senti isso tudo... O mesmo que senti na primeira vez que o vi na minha vida, que nunca pensei que iria chegar tudo a este ponto... Foi uma espécie de déjà-vu! Não sei se quis dizer alguma coisa, mas mesmo desde que decidimos assumir um compromisso sério, nunca mais senti o que tinha sentido nesse dia de Dezembro, e ao pensar no que senti hoje, até me arrepio...

Ora... Onde é que tudo se enquadra?! Encaixa tudo perfeitamente...
O meu eu "positivo" agora tenta melhorar as situaçoes, de quando ele não responde a uma msg deve ser pq ta sem rede, de quando stressa comigo por cenas absurdas é porque está chateado com qualquer coisa e eu levo por tabela, e enfim, etc... E são coisas que até nem me chateiam, lá está, porque há a alternativa de...
Mas logo de seguida vem o meu eu "negativo" que diz estou a ser demasiado benevolente, que so penso bem mas se calhar ando iludida, que não me posso esquecer do que já passei por me apegar demasiado a alguem...
E aí volta á cena o eu "positivo", que contradiz o "negativo", pois acha que se eu andasse assim tão iludida, ele não me faria surpresas destas, não me dizia o que diz, que sim, já passei por coisas menos agradáveis, mas nem tudo acontece da mesma maneira, e que tudo o que passei já com ele é diferente...
Mas o eu "negativo" não concorda, e acha que no inicio é tudo muito bonito, mas que as coisas estão a mudar e que eu nao entendo porquê, e pergunta-me "pensa... porque é que achas que as coisas estao assim marta? porque é que achas que já não há, vá, o romance que havia? o que é que tu sabes da vida dele lá? com quem é que ele se dá? julgas que as meninas deixaram-no so porque ele apagou o hi5 e so porque arranjou namorada?! namoradas já ele teve muitas certamente,e tu pra elas nao passas de mais uma!"
E o eu "positivo" no meio disto tudo tenta ser super positivo, e diz-me "marta! nada é perfeito por mais que pareça... tudo tem o seu erro, tudo tem a sua falha, e desde que saibas o erro, é um passo para melhorar! as coisas nao estao bem, é normal... sabes bem os motivos... não há o romance porque a distancia nao vos ajuda... porque sabes bem como é tudo quando estão juntos... não sabes com quem ele anda, mas confias nele! porque tu gostas dele de verdade! não és como elas que so querem... enfim! e como tu sabes que ele tb gosta de ti da mesma maneira, elas nao passam de pontos negros que desaparecem com um bocadinho de resodermil!"


Ficaram confusos? Pois... Imaginem como eu estou, porque estes dois eu's estão comigo contantemente... E apesar de eu querer ter o eu "positivo" como pre-definido (digamos assim), o eu "negativo" deixa-me muitas questoes em aberto, que o eu positivo não consegue arranjar soluçoes fiáveis... ou desculpas!

Em quem confiar?! Não sei... O melhor que tenho a fazer é mesmo deixar andar... Porque eu sou assim, preocupo-me, mas ainda me vou controlando. Não me vou deixar apoderar por nenhum deles... Apenas quero ser feliz! Posso ter conselhos de um ou de outro, mas nao vou morrer poeta que nem o Fernando Pessoa, muito menos doida no meio de tanta interrogaçao! Penso, claro... Se não pensar, não tenho futuro... Mas não vou fazer da minha vida um conjunto de pensamentos... Antes do pensar vem o sentir!
Não vou pensar demasiado... Vou viver!


(não peço que entendam a minha situaçao, peço-vos que leiam e se conseguirem atingir o que eu quero dizer, que reflictam com coisas que vos acontecem nas vossas vidas... eu sei que nao é facil perceberem, porque me exprimo demasiado e chego a confundir tudo... é o extase da escrita. Talvez tenha mesmo Fernando Pessoa na veia :P mas tentem :$)

*

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Apresentação.

Bem... Pensei em começar já a postar qualquer coisa. Um estado de espirito, uma critica, um texto, um poema... Qualquer uma dessas coisas me passou pela cabeça pois, claro está, tenho tendência em ir para o mais complicado, o mais complexo, deixando pra trás o mais simples.
Mas como criei este blog com o objectivo de fazer disto a minha propria lição de vida (depois compreenderão), pensei começar pelo inicio... Como aliás se deve começar tudo: pelo inicio. Primeiro lançam-se as sementes, pois sem elas não há fruto.
Assim começo este novo hobby (digamos assim), este futuro conjunto de reflexões por ai mesmo: pela semente.

Sou talvez uma rapariga comum... Sim, não me vejo mais do que ninguém, bem como não me vejo menos...
Sou uma rapariga divertida, que gosta de rir (apesar de também precisar de chorar de vez em quando). Mas sou também uma rapariga séria quando é preciso.
Sou a pessoa mais preguiçosa que podem conhecer, e nao estou a brincar! lool
Sou um coração de manteiga e talvez por isso seja ingénua de mais...
Valorizo bastante os amigos, por isso quando me chateio com algum, posso parecer indiferente, mas por dentro estou magoada como ninguem imagina.
Sou, talvez, frágil... Tendo a ser forte, mas com certas coisas tenho os sentimentos bem á flor da pele... Talvez por já ter "sofrido" um pouco... Bem como já toda a gente sofreu...

Há quem me chame louca...
Há quem diga que não tenho juizo...
Há quem diga que só posso estar a gozar...
Mas namoro um rapaz de Mafra (heis o porquê xD), e a unica coisa que vou dizer agora é que ele é demasiado importante pra mim... (o porquê, e o que está por dizer verão nas minhas reflexões lool)

Enfim... Sou a Marta, tenho 17 anos, e gosto de me tornar um pouco mais séria do que me torno quando não estou a brincar (lol?) e escrever umas quantas coisinhas. Por vezes até reflexões das minhas próprias atitudes, dias, sentimentos... Uma reflexão comigo mesma, partilhada... Até porque nem sempre conseguimos chegar a um ponto, atravessar uma fase sem ouvir o conselho de alguém, uma opinião. É também uma razao pelo qual crio hoje o blog "voltasrectas"...

"Talvez para me encontrar..."

-> Espero que gostem e que comentem... Sejam fofinhos :P *