quarta-feira, 25 de junho de 2008

"Fragmentação do eu"

Pois... Soa de facto a Fernando Pessoa. Não que esteja armada em poeta... Não. Apenas me lembrei de uma das temáticas do grande "poeta louco", e reparei que é como me sinto hoje...
Como é que a "fragmentação do eu" pode ser o meu sentimento? Fácil... É como se o meu "eu" principal se tivesse dividido em 2: o eu "positivo" e o eu "negativo". O eu "positivo" tenta ver o melhor lado da situação, arranjar caminhos com menos buracos e se não os houver, arranjar atalhos, solucionar problemas que á partida sao problemas mas que o eu "positivo" faz deles apenas grãozinhos de açucar no sapato. O eu "negativo" tenta ser como o eu "positivo", pensar o melhor, mas é inevitável meter um "não" no meio, uma parte pessimista das coisas, sempre a afundar o que pode haver de melhor numa situaçao.
Pode parecer tudo confuso, e de facto até é... Até o é pra mim, e sou eu que escrevo tudo isto.

Não sei se já vos aconteceu algo parecido, mas hoje senti o que nao sentia desde dia 18 de Dezembro: o coração na garganta quase a querer saltar cá pra fora, as mãos a tremer por mais que queira que estejam quietas, andar de um lado pró outro feita barata tonta e a dizer-me "mas que raio estás e queres tu fazer?!", as bochechas a queimar de tão vermelhas que ficam...
-> Enquanto trabalhava, recebi a visita inesperada do meu rapaz (eu nao fazia ideia que ele me iria aparecer á frente), e quando me apareceu de surpresa, senti isso tudo... O mesmo que senti na primeira vez que o vi na minha vida, que nunca pensei que iria chegar tudo a este ponto... Foi uma espécie de déjà-vu! Não sei se quis dizer alguma coisa, mas mesmo desde que decidimos assumir um compromisso sério, nunca mais senti o que tinha sentido nesse dia de Dezembro, e ao pensar no que senti hoje, até me arrepio...

Ora... Onde é que tudo se enquadra?! Encaixa tudo perfeitamente...
O meu eu "positivo" agora tenta melhorar as situaçoes, de quando ele não responde a uma msg deve ser pq ta sem rede, de quando stressa comigo por cenas absurdas é porque está chateado com qualquer coisa e eu levo por tabela, e enfim, etc... E são coisas que até nem me chateiam, lá está, porque há a alternativa de...
Mas logo de seguida vem o meu eu "negativo" que diz estou a ser demasiado benevolente, que so penso bem mas se calhar ando iludida, que não me posso esquecer do que já passei por me apegar demasiado a alguem...
E aí volta á cena o eu "positivo", que contradiz o "negativo", pois acha que se eu andasse assim tão iludida, ele não me faria surpresas destas, não me dizia o que diz, que sim, já passei por coisas menos agradáveis, mas nem tudo acontece da mesma maneira, e que tudo o que passei já com ele é diferente...
Mas o eu "negativo" não concorda, e acha que no inicio é tudo muito bonito, mas que as coisas estão a mudar e que eu nao entendo porquê, e pergunta-me "pensa... porque é que achas que as coisas estao assim marta? porque é que achas que já não há, vá, o romance que havia? o que é que tu sabes da vida dele lá? com quem é que ele se dá? julgas que as meninas deixaram-no so porque ele apagou o hi5 e so porque arranjou namorada?! namoradas já ele teve muitas certamente,e tu pra elas nao passas de mais uma!"
E o eu "positivo" no meio disto tudo tenta ser super positivo, e diz-me "marta! nada é perfeito por mais que pareça... tudo tem o seu erro, tudo tem a sua falha, e desde que saibas o erro, é um passo para melhorar! as coisas nao estao bem, é normal... sabes bem os motivos... não há o romance porque a distancia nao vos ajuda... porque sabes bem como é tudo quando estão juntos... não sabes com quem ele anda, mas confias nele! porque tu gostas dele de verdade! não és como elas que so querem... enfim! e como tu sabes que ele tb gosta de ti da mesma maneira, elas nao passam de pontos negros que desaparecem com um bocadinho de resodermil!"


Ficaram confusos? Pois... Imaginem como eu estou, porque estes dois eu's estão comigo contantemente... E apesar de eu querer ter o eu "positivo" como pre-definido (digamos assim), o eu "negativo" deixa-me muitas questoes em aberto, que o eu positivo não consegue arranjar soluçoes fiáveis... ou desculpas!

Em quem confiar?! Não sei... O melhor que tenho a fazer é mesmo deixar andar... Porque eu sou assim, preocupo-me, mas ainda me vou controlando. Não me vou deixar apoderar por nenhum deles... Apenas quero ser feliz! Posso ter conselhos de um ou de outro, mas nao vou morrer poeta que nem o Fernando Pessoa, muito menos doida no meio de tanta interrogaçao! Penso, claro... Se não pensar, não tenho futuro... Mas não vou fazer da minha vida um conjunto de pensamentos... Antes do pensar vem o sentir!
Não vou pensar demasiado... Vou viver!


(não peço que entendam a minha situaçao, peço-vos que leiam e se conseguirem atingir o que eu quero dizer, que reflictam com coisas que vos acontecem nas vossas vidas... eu sei que nao é facil perceberem, porque me exprimo demasiado e chego a confundir tudo... é o extase da escrita. Talvez tenha mesmo Fernando Pessoa na veia :P mas tentem :$)

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